UM ROTEIRO DE LEITURA SOBRE O CENÁRIO DE GOLPE

Se vai ter golpe, se a tentativa de golpe vai ser bem-sucedida, quando ocorrerá o golpe, quando se consolidará o golpe (uma vez que ele está em curso), como impedir que o golpe venha a acontecer, como parar o golpe, como derrotar o golpe, como resistir a ele.

Essas são as questões que precisamos considerar e compreender para poder fazer frente ao que está aí e ao que está por vir.

São questões-chave da atual tragédia brasileira, tematizadas em depoimentos, artigos e entrevistas reunidos aqui na seção Fique de Olho.

Para ajudar a navegar neste mar de vagas agitadas e nuvens escuras da conjuntura nacional, segue um breve roteiro de leitura das análises publicadas nas mídias nos últimos meses, que abordam os aspectos principais deste incontestável cenário de golpe.

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Como ponto de partida, “é preciso reconhecer que o presidente da República é um inimigo do povo brasileiro”, diz, sem meias palavras, o advogado Silvio Almeida.

E que esse mesmo presidente pretende dar um golpe (Renata Galf e Géssica Brandino).

Para o pesquisador Camilo Aggio, da UFMG, “a subestimação [dessa ideia] continua sendo a maior aliada de Jair Bolsonaro”.

Um golpe é um truque” – aponta Pedro Doria.

O golpismo é frequente na história brasileira (Lilia Schwarcz).

Parte das Forças Armadas está com Bolsonaro, e o histórico de participação dos militares em tentativas golpistas no Brasil (10 episódios, lembra Doria novamente) é assustador.

Os militares legalistas “ainda não se apresentaram” (Conrado Hübner).

Caos deliberadamente fabricado” pode ser o pretexto, por exemplo, para o adiamento das eleições – uma possibilidade sugerida por Elio Gaspari.

Há movimentações para produzir um atentado para incriminar a esquerda e desestabilizar o país, informa Matheus Leitão.

Talvez um tiro baste para a catástrofe” (Daniel Rittner).

Os bolsonaristas atuam pela facilitação da violência política e contam com “especialistas em violência”, explica Angela Alonso.

O discurso “desfigurado” do presidente tem responsabilidade direta e crua sobre a violência (Eugênio Bucci).

Os operadores da violência que podem ancorar a tentativa de golpe já são bastante conhecidos: policiais, bolsonaristas fanáticos e os chamados CACs (caçadores, atiradores e colecionadores).

Cristian Lynch acredita que Bolsonaro quer usar a arruaça como poder de barganha para se safar mais adiante.

Para o filósofo Marcos Nobre, o “relógio do golpe” foi ligado e a pergunta a ser feita não é se o golpe pode dar certo. “A pergunta certa é: como a gente se prepara para evitar o golpe?”. Uma resposta, dada pelo próprio Nobre, é: reunir a sociedade civil e construir um amplo movimento do Brasil contra o golpe. Confira nesta entrevista em vídeo.

Além disso, é preciso organizar e fazer a resistência desde já, reforça Aldo Fornazieri.

Empresas podem fazer desobediência civil (Hélio Schwartsman).

Às ruas. É o que muitos estamos dizendo, redizendo, insistindo: é preciso ir às ruas defender a democracia (Reinaldo Azevedo), “não deixar as ruas vagas para o bolsonarismo” (João Paulo Rodrigues), eletrizar as ruas e comover o país (Luiz Eduardo Soares).

Agir no 7 de setembro será decisivo (Jean Marc van der Weid).

Uma terrível possibilidade: a de não haver resistência, mas acomodação, alerta Marcelo Coellho.

A chance de um “acordão” (Vinicius Torres Freire).

Ou: a perspectiva de nenhum “acordão” e de Bolsonaro virar réu em 2023 (Maria Cristina Fernandes).

As urnas derrotarão o golpe, acredita Thiago Amparo. Caso contrário, viveremos sob uma “ditadura do voto”, segundo José Carlos Dias.

Fato é: a mobilização da sociedade civil e das instituições terá de ser permanente – antes, durante e após o período eleitoral; antes, durante e mesmo que evitemos o golpe no curto prazo. O fascismo está instaurado e o golpismo não se dissipará da noite para o dia.

O preço da democracia é a eterna vigilância. Ou, como conclui a carta-manifesto pela democracia: “Em vigília cívica contra as tentativas de rupturas, bradamos de forma uníssona: Estado Democrático de Direito Sempre!!!“.

Fonte: Vai ter golpe? (acesse aqui)

Autor: Vai ter golpe?

Publicado em: 11/08/2022