PF faz primeira grande operação contra golpistas

Foram 103 mandados de busca e cinco prisões, apreensão de armamento pesado e contas bloqueadas.

Um mês e meio após as eleições, a Polícia Federal realizou a primeira grande operação contra bolsonaristas que se recusam a aceitar o resultado das urnas e participam ou financiam atos violentos de ameaça ao Estado democrático de direito.

As buscas ocorreram no Distrito Federal e em oito estados: Espírito Santo (23 mandados), Mato Grosso (20), Mato Grosso do Sul (17), Paraná (16), Santa Catarina (15), Acre (9), Amazonas, Distrito Federal e Rondônia (um em cada).

O ministro do STF Alexandre de Moraes determinou ainda a quebra de sigilo bancário, o bloqueio de contas de dezenas de empresários, a apreensão de passaportes e a suspensão de certificados de registro de CACs (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador). Vinte e nove armas foram apreendidas, inclusive submetralhadora, fuzil e rifles com lunetas. Foram bloqueados 168 perfis de dezenas de suspeitos de organizar e financiar atos.

Os nomes dos investigados não foram divulgados, mas entre os presos estão dois deputados estaduais do Espírito Santo.

No dia seguinte, a Polícia Federal prendeu o político Antônio José Santos Saraiva, conhecido como Sarneyzinho do Maranhão, que ameaçou Alexandre de Moraes de execução. Em um vídeo que viralizou nas redes sociais, ele diz que contratou homens para “assassinar, fuzilar e executar” o magistrado. Questiona onde estavam as Forças Armadas e os caminhoneiros que ainda não o haviam matado. “Meus homens já estão te circundando aí, eu coloquei meus homens na sua cola para te executar”, ameaçou Sarneyzinho.

No dia 22 de dezembro foi preso o empresário bolsonarista Júlio Farias, no Amapá, por ameaçar o senador Randolfe Rodrigues. Como ele a PF encontrou dez armas de fogo (fuzil, espingardas, revólver e pistolas) e 3.153 munições de diversos calibres, que eram legais, além de um silenciador de fuzil adquirido ilegalmente.

Atentados de Brasília

O futuro ministro da Justiça do governo Lula, Flávio Dino, anunciou que foram identificados dezenas de autores do quebra-quebra e do ataque à Polícia Federal na noite de 12 dezembro, horas depois da diplomação do presidente eleito. Na noite da onda de destruição, com tentativa de invasão da PF e queima de veículos, a PM do Distrito Federal não prendeu nenhuma das cerca de 200 pessoas que participaram dos crimes.

Para o historiador Francisco Carlos Teixeira da Silva, a impunidade gera risco real de insurreição bolsonarista. “Não foi só um bloqueio de rua. Você tentou libertar um preso usando de violência, isso é muito grave. O governo do Distrito Federal, o secretário de Segurança dele e o ministro da Justiça ficaram inativos. Você incendeia carros, tenta invadir prédios públicos e não tem ninguém preso. Há fotos de PMs confraternizando com os arruaceiros durante os atos de arruaça, isso é muito grave e implica crime de responsabilidade”. 

Fonte: UOL (acesse aqui)

Autor: Caíque Alencar, Eduardo Militão e Paulo Roberto Netto

Publicado em: 22/12/2022