“PERMITIR QUE MILITARES INTERFIRAM NESSE TEMA VITAL À INSTITUCIONALIDADE NACIONAL EQUIVALE A FRAQUEJAR, CEDER, ABDICAR AOS SAGRADOS DEVERES CONSTITUCIONAIS. O QUE ELES QUEREM É CRIAR O MÍNIMO PRETEXTO PARA PERPETRAR O GOLPE. OLHO VIVO NELES!”

Joaquim Barbosa – Twitter – 12/09/22

Em sua conta no Twitter, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa faz um alerta sem meias palavras para as intenções golpistas das Forças Armadas em sua tentativa de interferir no processo eleitoral.

O recado destina-se ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), cuja presidência foi assumida recentemente pelo ministro Alexandre Moraes. A gestão anterior, sob o comando de Edson Fachin, vinha negando sistematicamente as sugestões dos militares integrantes da Comissão de Transparência criada em 2021 para acompanhar o processo eleitoral. Nas últimas semanas, porém, Alexandre de Moraes fez reuniões a portas fechadas com representantes das Forças Armadas e com o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira.

“A postura do ministro diverge da linha adotada por Edson Fachin, ex-presidente da corte, que havia rejeitado reuniões exclusivas com militares sob argumento de que era preciso tratar todos os fiscais da votação com igualdade”, escreve Mateus Vargas na Folha de S. Paulo.

No dia 11 de setembro, a própria Folha divulgou que os militares realizariam uma “apuração paralela” em uma amostra de 385 urnas, o que foi desmentido pelo TSE e pelo Ministério da Defesa no dia seguinte. No dia 13, no entanto, o TSE anunciou que fará um “projeto-piloto” alterando o teste de integridade das urnas com utilização de biometria nos locais de votação. Essa mudança vinha sendo insistentemente solicitada pelos militares.

Joaquim Barbosa comentou também um suposto “mal-estar” que teria gerado, no Ministério da Defesa, a negativa do TSE quanto a uma apuração paralela. “Peraí. É o TSE quem vem há meses gerando balbúrdia no processo eleitoral? Imaginem as tensões constantes geradas por essa despudorada investida dos militares sobre o TSE. É vergonhoso”, tuitou.

O ex-ministro disse ainda que o TSE está “certíssimo” ao não permitir que as Forças Armadas tenham acesso a dados diferentes do que qualquer cidadão teria. “No Brasil, organizar eleições, apurar os resultados e julgar os conflitos que elas geram são tarefas que a Constituição e as leis atribuem à Justiça Eleitoral”, escreveu.

Eduardo Bolsonaro responde

Diante das críticas de Joaquim Barbosa, quem saiu em defesa das Forças Armadas foi o deputado Eduardo Bolsonaro. E o fez, como de costume, atacando: insinuou que o TSE, sob comando de Luís Roberto Barroso, tentou interferir na votação sobre voto impresso no Congresso, e afirmou que os militares foram convidados para a Comissão de Transparência.

Reportagem do Brasil de Fato já revelou que há digitais de Eduardo Bolsonaro na aquisição sem licitação de um software espião israelense pelo Comando de Defesa Cibernética do Exército – justamente o órgão que ficaria responsável pela “apuração paralela” nas eleições.

Fonte: Twitter (acesse aqui)

Autor: Joaquim Barbosa

Publicado em: 12/09/2022