Partido de Bolsonaro questiona urnas

PL divulga nota oficial sobre suposta auditoria para alimentar desconfiança do sistema eleitoral. TSE responde: “fraude e mentira”.

A quatro dias do primeiro turno, o Partido Liberal (PL), de Jair Bolsonaro, divulgou nota com uma série de questionamentos vagos sobre a confiabilidade do processo eleitoral.

Com o título “Resultado da auditoria de conformidade do PL no TSE”, o documento tem duas páginas e afirma que “o quadro de atraso encontrado no TSE” gera “vulnerabilidades relevantes” e pode resultar em invasão interna ou externa nos sistemas eleitorais, “com grave impacto nos resultados das eleições”.

“O relatório faz o suficiente para confundir o eleitor e alimentar suspeitas sem avançar o sinal. Fala em ‘extrema insuficiência’ de mecanismos de governança, afirma que funcionários terceirizados do TSE representam ‘um risco substancial’ e diz até que servidores podem ser alvo de uma ‘coação irresistível’ para manipular os resultados da votação”, resume Bruno Boghossian, na Folha de S. Paulo.

O tribunal não demorou a reagir, com uma nota dura contra as alegações do PL, “falsas e mentirosas, sem nenhum amparo na realidade, reunindo informações fraudulentas e atentatórias ao Estado Democrático de Direito e ao Poder Judiciário, em especial à Justiça Eleitoral, em clara tentativa de embaraçar e tumultuar o curso natural do processo eleitoral”.

O TSE lembra que já cassou parlamentares por divulgarem informações falsas sobre o pleito, e anuncia o documento foi encaminhado para o corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Benedito Gonçalves, “para instauração de procedimento administrativo e apuração de responsabilidade do Partido Liberal e seus dirigentes, em eventual desvio de finalidade na utilização de recursos do Fundo Partidário”. O PL pagou R$ 225 mil ao Instituto Voto Legal (IVL) para produzir a “autoria”. O instituto foi registrado junto à Receita Federal em dezembro de 2021. Seu presidente, Carlos César Morentszon Rocha, fez viagens pagas com dinheiro público sem justificativa e às vésperas da votação no Congresso sobre a adoção do voto impresso nas eleições.

O documento também será incluído no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura o uso de fake news para desestabilizar a democracia.

Fonte: Folhapress (acesse aqui)

Autor: Mateus Vargas, Julia Chaib e Marianna Holanda

Publicado em: 29/09/2022