Presidente avisou Forças Armadas que pretendia usar o artigo 142. Plano recuou diante do TSE e de recado dos EUA.
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Durante o período do primeiro turno das eleições, quando as pesquisas apontavam sua derrota, Jair Bolsonaro planejou dar um golpe de Estado.
“O presidente reuniu os chefes das Forças Armadas e avisou que pretendia usar o artigo 142 da Constituição”, contou um então ministro de Bolsonaro que acompanhou de perto a trama. O golpe aconteceria na segunda quinzena de novembro.
Confirmada a vitória de Lula, Bolsonaro ficou uma semana isolado, mas seu grupo já sabia o que fazer e passou a articular o golpe. “O general Braga Netto seria o responsável por reunir as Forças Armadas em torno da ruptura e colocar os militares nas ruas. O primeiro passo seria anunciar o fechamento do STF por fraude nas eleições”.
Caberia ao presidente do PL, Valdemar da Costa Netto, acalmar a classe política. “O Congresso não seria fechado e os políticos teriam a garantia de que seus mandatos seriam preservados”.
Bolsonaro nomeou aliados para convencer países importantes a apoiar o golpe. Foi feita até uma ligação ao presidente da Rússia, Vladimir Putin. Enquanto isso, bolsonaristas influentes começaram a financiar e incentivar que seguidores fossem protestar e pedir uma intervenção militar a fim de “obrigar” Bolsonaro a por ordem. “Era tudo teatro”, garante o ministro.
“No dia 30 de novembro veio a decisão de que não haveria uma ruptura por falta de apoio e Bolsonaro se sentiu abandonado”.
O plano ruiu de vez quando o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, decidiu impor uma multa milionária ao PL, que pediu anulação das eleições sem qualquer evidência de fraude. Com as contas bloqueadas, Valdemar teria recuado da intenção de apoiar o golpe de Estado e avisou o presidente que não haveria clima. “Sem dinheiro para pagar os funcionários e apoiadores, Valdemar não tinha força”.
Bolsonaro também não conseguiu o apoio que desejava de Putin. O presidente russo teria dito que estava focado na guerra e não poderia fazer muito pelo Brasil.
Ao mesmo tempo, os EUA mandaram mais de um recado de que não aceitariam qualquer ruptura, e se preciso fosse enviariam ajuda para restaurar a ordem. Teria sido a gota d’água para que membros importantes das Forças Armadas recuassem.
“Justo no dia 30, quando Bolsonaro estava animado para anunciar a ruptura, ele ficou isolado e furioso”. A partir daí, teria entrado numa maré de depressão e sequer aceitou conversar com pessoas mais próximas.
Fonte: Último Segundo (acesse aqui)
Autor: Daniel Cesar
Publicado em: 30/12/2022