“Não tem como a gente não ganhar no primeiro turno”

Bolsonaro volta a semear a revolta entre seus apoiadores ao recusar o resultado mais provável e alimentar suspeita sobre fraude no TSE.

As pesquisas de intenção de voto são unânimes em apontar que Luiz Inácio Lula da Silva será o mais votado no primeiro turno das eleições presidenciais, com cerca de 10% de vantagem sobre o segundo colocado, o presidente Jair Bolsonaro. Há chances até de Lula ser eleito já em 2 de outubro, se obtiver mais de 50% dos votos válidos. É neste contexto que, duas semanas antes do pleito, Bolsonaro afirma: Não tem como a gente não ganhar no primeiro turno.

Fosse uma eleição rotineira ou um candidato democrata, esse tipo de declaração seria parte do jogo: é natural tentar manter o eleitorado motivado e mostrar-se confiante na reta final da campanha. Acontece que o candidato em questão é um presidente que passou todo o mandato alimentando seus apoiadores com teorias conspiratórias sobre fraude no processo eleitoral. Em entrevista no mesmo dia ao SBT, deixa isso ainda mais explícito:

“Se eu tiver menos de 60% dos votos, algo de anormal aconteceu no TSE. Tendo em vista, evidentemente, o ‘DataPovo’, que você mede pela quantidade de pessoas que não só vão nos meus eventos, bem como nos recepcionam ao longo do percurso até chegar ao local do evento”.

Nesse trecho da entrevista (a partir de 28’25”, ver abaixo), fica claro que o discurso golpista é ensaiado e intencional. A pergunta era sobre possíveis coligações no segundo turno. Bolsonaro vem falando da divisão do tempo de TV entre os dois candidatos, comenta que o cenário eleitoral “está bastante dividido…”, e então interrompe sua própria linha de raciocínio, como se esta última frase o tivesse lembrado de que precisa repetir a suspeita de fraude, e se emenda com “… muito mais favorável a mim”, inserindo então a projeção absurda dos 60% e de “algo anormal” no Tribunal Superior Eleitoral.

Como sabe que não obterá tal votação, a intenção do discurso ensaiado e repetido exaustivamente é uma só: insuflar seus seguidores a não aceitar o resultado das urnas.

Fonte: SBT News (acesse aqui)

Autor: SBT News

Publicado em: 18/09/2022