A construção do golpismo, vídeo a vídeo

Revista Piauí analisou as 181 lives de Bolsonaro durante o mandato e revela as táticas narrativas e o crescimento das ameaças à democracia.

Toda semana, desde que tomou posse, Jair Bolsonaro realiza uma live no Facebook. Trata de variados assuntos. Mas, desde 2021, uma temática tornou-se recorrente: a desconfiança do processo eleitoral. A revista Piauí analisou os 181 vídeos postados pelo presidente e mostra que os ataques às urnas estiveram presentes em duas lives de 2019, duas de 2020, vinte lives em 2021 e mais dez em 2022.

A reportagem também aponta as principais estratégias discursivas utilizadas por Bolsonaro para descredibilizar as eleições:

  • Alega que há conspiração no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para eleger Lula via fraude nas urnas.
  • Defende o voto impresso como única solução para que as eleições sejam “limpas”, “transparentes” e “democráticas”, como se não fossem.
  • Como nunca apresentou provas de fraude, inverte o jogo: “Vocês também não tem provas de que não tem fraude”.
  • Planta desinformação, ao “afirmar sem afirmar”: “Dizem… não sei se é verdade”, “Não tenho provas”, “Não vou entrar em detalhes”.
  • Não apenas os ataques ficaram mais frequentes ano a ano, mas o golpismo se torna cada vez mais radical:
    2019 – “Muita gente achou que a diferença [de votos] foi muito maior.”;
    2020 – “A gente espera ano que vem entrar, mergulhar na Câmara e no Senado, pra que a gente possa realmente ter um sistema eleitoral confiável em 22.”;
    2021 – “Vai ter voto impresso em 2022, porque se não tiver voto impresso é sinal que não vai ter eleição.”
    2022 – “Você sabe o que está em jogo, você sabe como deve se preparar. Não para um novo Capitólio, ninguém quer invadir nada. Mas para nós sabermos o que temos que fazer antes das eleições.”

Fonte: Piauí (acesse aqui)

Autor: Luigi Mazza

Publicado em: 21/09/2022