Juliana Rosas – Observatório da Imprensa – 09/08/22
Como não tem nada a perder, Bolsonaro pode sair ganhando.
A estratégia golpista do presidente é cópia fiel da insurreição orquestrada por Trump nos Estados Unidos: atiça os extremistas e, mesmo se der errado, mantém unido seu núcleo duro para um novo ciclo eleitoral. Ou para amadurecer as condições de golpe.
“Mantendo fiéis, terá quatro anos para aumentá-los contando outras mentiras. (…) Do mesmo modo que se viu um ressurgimento da esquerda em países latino-americanos após anos de mandatos conservadores ou extremistas, pode acontecer um retorno da direita”, e, neste caso, lá estaria Bolsonaro como líder da oposição.
Quem também contribui, ao seu modo, para que tal cenário futuro seja possível, é a mídia mainstream. Para a autora, que é doutora em Jornalismo, ao cair na armadilha do chamado “doisladismo” – pretensa objetividade que leva a ouvir opiniões opostas – a imprensa alimenta discursos e práticas extremistas e nocivas à democracia:
“A ideia de que há dois lados em cada questão que merecem a mesma atenção e tempo no ar ajudou e ajuda a sustentar atitudes racistas, anticientíficas e antidemocráticas no Brasil. De modo semelhante, quando, na ânsia de se manter a objetividade, o jornalismo dá peso igual a um lado democrático e outro totalitário, amarra-se num conceito – importante, diga-se – que não existe para dar palco a extremismo”.
Fonte: Observatório da Imprensa (acesse aqui)
Autor: Juliana Rosas
Publicado em: 09/08/2022