“SE ALGUÉM NÃO LEMBRA OU NÃO SABE O QUE É UM GOLPE, CIVIL OU MILITAR, ESTÁ NA HORA DE DESENHAR E DEIXAR O TAMANHO DO PROBLEMA BEM CLARO.”

José Henrique Mariante – Folha de São Paulo – 07/05/22

Na última semana, vários colunistas da Folha dispararam alarmes em tom parecido. Na página A2: “Vai ter golpe”, escreveu Mariliz Pereira Jorge; “O golpe de Bolsonaro é militar”, segundo Bruno Boghossian; “Ditadura com Bolsonaro”, é o que vem a seguir, de acordo com Ruy Castro; “O Golpe pode dar errado”, projetou Maria Hermínia Tavares, um fio de esperança, como anotado por leitores, mas que parte do inevitável ato ensaiado desde o dia zero pelo bolsonarismo.

Pessimismo, sentimento de impotência, alcance da imprensa, considerações sobre o jornalismo. Não podemos impedir o golpe? Bem, dá pelo menos para contar para as paredes que a virada de mesa está em curso, vai acontecer e que é prudente o cidadão de bem preparar a alma e o bolso para o tsunami que se avizinha.

A leitora e o leitor talvez ponderem que admitir o receio de um golpe é justamente o jogo que Bolsonaro e aliados querem jogar. A questão, acredito, é que já passamos desse ponto. Bolsonaro se perdeu em campo, mas arrasta muita gente com ele apenas pelas circunstâncias. Não pode mais ser tratado como um risco, mas sim como certeza de dano para as instituições e para o país. Precisa ser contido.

Se alguém não lembra ou não sabe o que é um golpe, civil ou militar, está na hora de desenhar e deixar o tamanho do problema bem claro. Vai dar trabalho, vai atrasar ainda mais o Brasil, vai custar caro.

Fonte: Folha de SP (acesse aqui)

Autor: José Henrique Mariante

Publicado em: 07/05/2022