Proximidade das eleições multiplica aquisição de armamentos: já são mais de 1,7 milhão de armas de fogo nas mãos dos CACs.
Nos meses de junho e julho, a média de novos registros de armamentos saltou de 22 mil para 37 mil.
Segundo Carolina Ricardo, diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, é comum em outros países, como nos Estados Unidos, que em ano eleitoral exista uma corrida armamentista. “Lá mais gente procura arma porque existe o medo de que um democrata ganhe e de que haja mudanças na legislação. Então há uma corrida para garantir a arma enquanto a lei é favorável. A minha hipótese é que, muito possivelmente, isso tenha acontecido no Brasil”.
A expansão das armas em poder de centenas de milhares de brasileiros, em sua imensa maioria bolsonaristas, combinada com o discurso antidemocrático do presidente e seus ataques às instituições, representa enorme risco à estabilidade do país. Por diversas vezes, Bolsonaro insuflou seus apoiadores a “darem a vida pela liberdade” e chegou a classificar os civis armados como “nosso Exército”. Em caso de não aceitação do resultado das eleições e de convocação para uma reação violenta, o bolsonarismo contaria com um incalculável número de pessoas fanatizadas e armadas dispostas a agir.
O controle de registro e posse dos armamentos no país, a cargo do Exército, é precário, ineficiente e parcial, segundo especialistas. “Em 2020, o Exército vistoriou apenas 2,3% do total de arsenais privados no país. Membros de facções criminosas conseguem se registrar como CACs e têm a compra de fuzis e munições autorizada pelo governo. Além disso, dados obtidos pela Agência Pública mostram que os CACs registram em média a perda de três armas por dia. Um país em que armas e munições legais caem rotineiramente nas mãos da criminalidade está longe de ser um país com um controle eficiente”, afirmou, para a Folha, Ilona Szabó, presidente do Instituto Igarapé.
Fonte: UOL (acesse aqui)
Autor: Carlos Madeiro
Publicado em: 28/10/2022