Na Folha, Lúcia Guimarães aponta o caminho de sobrevivência democrática para as elites nacionais.
Escrevendo dos Estados Unidos, a articulista lembra do momento em que muitos conservadores decidiram-se pelo voto em Biden, “quando ficou claro que Trump era uma ameaça existencial” para os moderados.
E a direita moderada brasileira? Segundo ela, diante de tudo o que significa a catástrofe bolsonarista, não há outro caminho a não ser o voto em Lula:
“A direita que queria, a todo custo, evitar a volta de Lula sabe que, para competir para legislar e governar, precisa de um país — não do esqueleto que vão nos deixar se continuar no poder o desocupado vitalício que, nos anos 1980, planejou colocar bombas em quartéis para conseguir aumento de salário”.
Lúcia Guimarães faz questão de ressaltar sua rejeição ao líder petista, a quem chama de caudilho e responsabiliza por facilitar a corrupção em grande escala. Mas Lula “não tentou demolir o Estado de Direito. E não ofereceu resistência ilegal a passar 580 dias numa cela por ordem do juiz que o prendeu sob encomenda para ajudar a eleger o monstro seu aliado”.
Assim, o voto no candidato do PT é questão de sobrevivência para a própria direita democrática:
“Os crassos jecas da Faria Lima, os incendiários do agronegócio e os invertebrados da avenida Paulista podem ter se fartado de comer mingau pela beirada do fascismo. Talvez agora tenham começado a entender o preço de negar que a agenda que apoiaram não é conservadora ou cristã, é terrorista e demolidora.
Se quiserem continuar decolando para Paris e manter o privilégio de tirar férias do martírio brasileiro, precisam de um país para onde possam voltar”.
Fonte: Folha (acesse aqui)
Autor: Lúcia Guimarães
Publicado em: 03/08/2022