“OS ELEITORES DOS CANDIDATOS DEMOCRÁTICOS, SOBRETUDO MULHERES E NEGROS, ESTÃO COM MEDO DE SAIR ÀS RUAS. PREDOMINA NAS GRANDES CAPITAIS O CLIMA DE IMINÊNCIA DE UM ACIDENTE GRAVE.”

Mathias Alencastro – Folha de S. Paulo – 11/09/22

O colunista da Folha aponta para a multiplicação da violência associada ao bolsonarismo e cobra do jornalismo uma tomada de posição: é preciso denominar a extrema direita pelo que é, e não persistir no erro de naturalizá-la como parte do processo democrático.

“Preocupa a hesitação do jornalismo brasileiro em desviar as convenções internacionais e continuar chamando Jair Bolsonaro de candidato de direita, ultradireita ou populista”. O bolsonarismo pertence à corrente histórica que tem raízes no Integralismo, versão brasileira do fascismo italiano e do nazismo alemão, nos anos 1930.

O que vivemos não é mais polarização, mas aprofundamento do extremismo e da violência política, que ocorrem de um lado só. “À imagem dos Estados Unidos, o Brasil saiu do processo de polarização, marcado pelo acirramento de posições entre PT e PSDB, e entrou em outro, o da radicalização, liderado exclusivamente por Jair Bolsonaro”.

Segundo Mathias Alencastro, por oportunismo eleitoral o campo da direita, em diversos pontos do país, vai se bandeando para o bolsonarismo, em busca de votos. A consequência é o agravamento do extremismo, em um caminho que se fecha para a direita democrática.

“Posicionar o bolsonarismo na extrema direita é necessário para demarcar o campo conservador e criar incentivos contra novas alianças oportunistas. A ausência de um debate sobre as direitas acaba atrasando a reconstrução da direita moderada, o desafio mais urgente e universal para a sobrevivência das democracias liberais”.

Fonte: Folha de SP (acesse aqui)

Autor: Mathias Alencastro

Publicado em: 11/09/2022