“O MEDO NÃO É UM SENTIMENTO APENAS RUIM. SE FUNCIONAR COMO ALERTA, COMO DETONADOR DA VIGILÂNCIA CÍVICA, ELE PODE ANIMAR A SOCIEDADE CIVIL A LUTAR POR DIREITOS AO INVÉS DE PRESENCIAR O GOLPE NA ARQUIBANCADA”.

Lilia Schwarcz – Nexo Jornal – 01/08/22

A historiadora e antropóloga discorre sobre as origens do conceito de “golpe” e enfatiza seu atual caráter de rompimento com a ordem legal: “Golpes são, assim, intervenções ilegais para derrubar as estruturas vigentes: transgredir o ordenamento jurídico e político, romper com a Constituição, invalidar a legislação em vigor”.

No cenário político brasileiro golpes são frequentes desde o século XIX. Com exceção do “Golpe da Maioridade” (1839), perpetrado por civis, Lilia Schwarcz lista outros quatro momentos de rompimento institucional que tiveram a participação dos militares – 1889, 1930, 1932 e 1964 – e aponta traços semelhantes com o golpismo atual, de 2022.

Golpismo que viceja e se repete devido à persistência do nosso déficit republicano: “práticas patrimoniais e clientelistas, racismos, misoginia, corrupção e uma verdadeira cultura da desigualdade”.

Em “ambiente de medo, insegurança e desconfiança para com a democracia, os sinais de golpismo tendem a se acelerar, assim como o fortalecimento de líderes como Jair Bolsonaro, que governam na base da manipulação das emoções e da teorias conspiratórias”.

É então que o medo pode – e deve – servir de catalisador da cidadania ativa. Estamos convocados a participar e a hora é agora.

Fonte: Nexo Jornal (acesse aqui)

Autor: Lilia Schwarcz

Publicado em: 01/08/2022