Levantamento de instituto sueco aponta 12 países cujo sistema pende para a autocracia, fenômeno crescente no mundo. Maioria das crises acaba em ruptura.
Países mundo afora são ameaçados por potenciais autocratas, e o caminho para restaurar a democracia é longo e difícil, aponta uma análise feita pela Deutsche Welle.
Os dados foram publicados pelo Instituto Variedades da Democracia (V-Dem), um grupo de pesquisa independente sediado na Universidade de Gotemburgo, na Suécia.
Além do Brasil, as outras 11 nações cuja democracia está em declínio são: Polônia, Níger, Indonésia, Botswana, Guatemala, Tunísia, Croácia, República Tcheca, Guiana, Maurício e Eslovênia. Outros 17 perderam a luta na década passada, transformando-se em autocracias – incluindo a Turquia, as Filipinas e a Hungria.
“Não apenas democracias de longa data estão se voltando para o autoritarismo, mas regimes autocráticos estão segurando com mais firmeza as rédeas do poder. Em países como Rússia e Venezuela, governos autoritários têm se consolidado e as liberdades civis vêm sendo reduzidas”, afirma a reportagem.
A decadência rumo à autocracia costuma ser lenta mas constante, com pequenas mudanças se acumulando até que reste pouco de democracia. O fenômeno se agravou nos últimos 20 anos. Dos 81 casos identificados desde 1900 em que países viveram quedas prolongadas na qualidade da democracia, 50 aconteceram a partir dos anos 2000. Hoje as autocracias governam cerca de metade dos países do mundo.
Autocratas surgem de crise política
A derrocada da democracia costuma começar com a eleição de líderes iliberais, como ocorreu no Brasil (Jair Bolsonaro), na Polônia (Andrzej Duda), na Hungria (Viktor Orbán), na Turquia (Recep Tayyip Erdogan) e na Índia (Narendra Modi). A reeleição permite aos autocratas aprofundar o desmonte das instituições e consolidar seu poder.
Esses líderes chegam ao poder em meio a situações de crise econômica, desconfiança dos partidos tradicionais e aumento da hostilidade política. “A polarização cria o sentimento de que, como você detesta seu oponente, vale tudo para se livrar dele – inclusive destruir a democracia”, afirma o pesquisador brasileiro Fernando Bizarro, da Universidade de Harvard.
Dos 81 casos de erosão da democracia pesquisados desde 1900, 62 países se tornaram autocracias, 12 seguem em crise e apenas 7 conseguiram se manter democráticos.
Fonte: DW Brasil (acesse aqui)
Autor: Rodrigo Menegat Schuinski
Publicado em: 15/09/2022