“A RECUSA EM ADMITIR A ANORMALIDADE BRUTAL DA POLÍTICA BOLSONARISTA ESTÁ AJUDANDO A LIQUIDAR OS ATIVOS DEMOCRÁTICOS QUE RESTAM.”

Conrado Hübner Mendes – Folha de S. Paulo – 14/09/22

Para o colunista, a decisão de derrotar Bolsonaro no primeiro turno, entre eleitores não petistas, não se confunde com “voto útil”: é voto de sobrevivência – “sobrevivência de um projeto de vida individual e coletivo. Onde igualdade na diferença e liberdade na interdependência tenham alguma chance”.

“Política democrática é política do sonho e da frustração. (…) Envolve paixão, mas também requer responsabilidade. Requer disposição de eleitores e candidatos para perderem sem melar o jogo. Requer atenção para reconhecer quando a possibilidade de jogar está em risco evidente, e maturidade para minimizar esse risco”.

Ele lembra que “a violação estrutural e contumaz de regras eleitorais sempre foi o modo bolsonarista de competir. Não é apenas traço de caráter, mas projeto orquestrado de mudança regressiva de regime político, também chamado de autocratização. Um projeto tão claro nunca esteve em curso nos 30 anos anteriores”.

Por isso, estamos diante de uma “eleição existencial”. “Somente a indiferença ou a cegueira à espiral da violência política, do armamento militante de grupo atiçado por filosofia política da supressão do mais fraco, levam a conclusão diferente”.

O clima é de intimidação. “Bolsonaro está armado. Pede deferência ou morte. Cidadãos estão com medo de sair à rua. Outros sendo mortos ou ameaçados. Adversários vêm sendo abordados no espaço público por gente com pistola na cintura. É assim que se opera em Rio das Pedras, é assim que se opera no planalto bolsonarista”.

Não há mais espaço para “negacionistas do risco democrático”. Dar a essa política da destruição uma oportunidade de segundo turno é “subestimar a enormidade do perigo”.

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Autor: Conrado Hübner Mendes

Publicado em: 14/09/2022