“Não consigo identificar um cenário em que Bolsonaro não vá tentar nada. Me surpreende o silêncio das lideranças empresariais no Brasil”.
“Declarações do empresariado brasileiro em apoio à urna eletrônica e eleição correndo normalmente teriam um impacto muito grande para o governo, não só para desincentivar Bolsonaro, mas também o entorno dele”, defende Daniela Campello, professora de ciência política da FGV Rio de Janeiro e pesquisadora do Wilson Center, em Washington.
“Jamais aceitará derrota”
“Concordo com o prognóstico de que Bolsonaro jamais aceitará a derrota nas urnas, o que já é, por si só, o início de um processo golpista”, afirma Sávio Machado Cavalcante, professor do departamento de Sociologia da Unicamp. “O temor é que ele não espere qualquer formalidade que possa servir de verniz ao golpe. Ou seja, de que o passo seguinte à contestação dos resultados das urnas seja impedir a posse da chapa vitoriosa. Para isso acontecer, Bolsonaro precisa contar com, pelo menos, dois apoios: o mais decisivo é o das Forças Armadas, que pode ser reforçado por milícias e grupos bolsonaristas armados; e de um sistema de agitação e propaganda, tendo ou não verniz jornalístico, que busque hegemonia relativamente estável em parte considerável da sociedade”.
“Clima de vigilância”
“Bolsonaro está desenhando uma ação com três componentes: militares, o que inclui também policiais militares, bloqueio de estradas, com apoio dos caminhoneiros, e seus apoiadores nas ruas. Isso é o que deveremos ter e o que ele consegue fazer. De resto, é a sociedade civil ficar vigilante. Já há um clima de vigilância e atenção, ao meu ver”, afirma Pablo Ortellado, professor de gestão de políticas públicas da USP.
Fonte: Nexo Jornal (acesse aqui)
Autor: Isadora Rupp
Publicado em: 09/05/2022