José Roberto de Toledo – UOL – 02/10/22
A eleição de um parlamento ainda mais bolsonarista acendeu alerta máximo para o risco de autocratização do país, em caso de reeleição do presidente. Tendo nas mãos o Executivo e o Legislativo, Bolsonaro partiria, já no início de seu novo governo, para o golpe final: controlar o Judiciário.
“Esse Congresso que foi eleito dá maioria suficiente para impeachment de ministro do Supremo Tribunal Federal. Hoje a gente tem o Executivo tentando avançar o sinal, fez um acordo com o Congresso na base do fisiologismo via orçamento secreto para, no mínimo, não ter oposição. E tinha a Justiça como o único poder antagônico aos seus desejos de expandir os seus poderes para além das quatro linhas. Com essa maioria no Senado, se o Bolsonaro for reeleito, não vai ter mais oposição no STF. Aí serão três poderes do mesmo lado.”, explica José Roberto de Toledo, no UOL.
Ainda na noite do domingo eleitoral, ministros do Supremo se comunicaram com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, para realçar sua importância na contenção de investidas contra o Judiciário e os direitos de cidadania de modo geral. “A avaliação entre a maioria dos ministros da corte é que a eleição deste domingo transformou o Congresso em um campo conservador nunca visto no período democrático do país”, escreve Bela Megale em O Globo.
Das 27 vagas no Senado, 14 foram preenchidas por nomes apoiados por Bolsonaro. “Boa parte do grupo é considerada bolsonarista raiz e identificada com as pautas mais extremas do governo, como negacionismo científico e radicalismo religioso. Isso reforça, entre os ministros do STF, o receio de possíveis retrocessos em áreas como educação, saúde, meio ambiente e segurança”.
Fonte: UOL (acesse aqui)
Autor: José Roberto de Toledo
Publicado em: 02/10/2022